Uma reportagem do canal de TV inglês Sky Sports usou o fracasso do catalão Domènec Torrent , demitido do Flamengo nesta semana, para levantar questões sobre o motivo pelo qual uma nação orgulhosa do próprio futebol partiu para a Europa em busca de seus treinadores. A mídia inglesa também contesta a cultura de muitas demissões de técnicos no Brasil, algo que pode prejudicar o próprio jogo, já que, em busca de uma autopreservação, os treinadores são encorajados adotar um futebol que corre poucos riscos e sem criatividade.
A maneira como os clubes brasileiros estão agindo é definitivamente errada. Os treinadores passam uma semana, um mês, ou dois ou três, na esperança de fazerem maravilhas. Não é possível – disse Jürgen Klopp em uma entrevista no ano passado quando questionado sobre a situação no Brasil.
Técnico do Liverpool, o próprio Klopp teve que esperar quatro anos pelo seu primeiro troféu com o time inglês. Segundo a publicação da Sky Sports, no Brasil, o tempo médio de permanência de um treinador em um time é de cerca de 15 jogos. Dos 20 clubes que fazem parte da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, apenas seis mantiveram o técnico com o qual começaram a competição.
– É o tipo de coisa que faz os dirigentes dos maiores clubes da Europa parecerem modelos de paciência, se compararmos ao Brasil. Os treinadores brasileiros são os sobreviventes de um jogo tóxico e tiveram que se adaptar a isso – afirma o jornalista inglês Adam Bate.
Além de Domènec Torrent, outro treinador estrangeiro com curta passagem pelo Brasil neste ano foi o português Jesualdo Ferreira, que ficou apenas sete meses no Santos. Ainda assim, os portugueses Ricardo Sá Pinto e Abel Ferreira, que comandam Vasco e Palmeiras respectivamente, aceitaram o desafio de trabalhar num mercado tão impaciente. Com a dupla argentina Jorge Sampaoli e Ramon Diaz à frente de Atlético Mineiro e Botafogo, atualmente, quatro dos 12 clubes de maior torcida do Brasil estão sendo treinados por estrangeiros.
FONTE-GLOBO ESPORTE