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GRANDES EVENTOS - O risco das superbactérias

Movimentos de massa, como a Copa do Mundo, são desafio para órgãos de saúde no controle da disseminação de doenças. Primeiro registro da superbactéria Nova Délhi em Londrina serve de alerta, apontam especialistas

A presença da superbactéria foi confirmada em um paciente que veio a óbito no início do mês e estava internado no Hospital da Zona Norte (HZN)

O aparecimento da superbactéria Nova Délhi - que teve o primeiro registro em Londrina há pouco mais de uma semana - traz à tona o poder de migração desses micro-organismos, além de sua resistência aos medicamentos. Se a facilidade de deslocamento físico das pessoas é propícia à disseminação, os movimentos de massa, comuns em grandes eventos, tornam-se um desafio a mais aos órgãos de saúde e controle sanitário. Especulações apontam que há fortes indícios de que a Nova Délhi tenha aparecido no país exatamente no período da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em julho do ano passado, no Rio de Janeiro, reunindo mais de 3,7 milhões de pessoas de todo o mundo. 

Por enquanto, Londrina é a única cidade do Paraná com a notificação da Nova Délhi, denominada NDM-1 (New Delhi metallo ß-lactamase), originalmente da Índia - os primeiros casos aparecerem em 2013, nas cidades de Porto Alegre e Rio de Janeiro. A presença do micro-organismo foi confirmada em um paciente que veio a óbito no início do mês e estava internado no Hospital da Zona Norte (HZN). Apesar da confirmação, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) diz que não se pode afirmar que ele morreu em função da bactéria, já que apresentava um quadro grave de saúde. 

"Certamente, eventos que concentram um grande número de pessoas de diferentes países trazem o risco potencial de acarretarem a introdução ou re-introdução de agentes patogênicos. Para prevenir essa situação, é necessário que seja organizado um sistema de vigilância que permita a identificação de casos com risco potencial, não apenas durante, mas após o evento. Para isso, as informações sobre todos os atendimentos médicos precisam ser centralizadas e rapidamente analisadas, permitindo o gerenciamento adequado e eficiente da situação", pontua a médica infectologista Káris Rodrigues, membro da Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem. 

Não se trata de fazer alarde, mas de chamar a atenção ao tema que precisa de uma política multifatorial de controle, de acordo com a infectologista Ana Gales, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "A locomoção das pessoas, bem como dos alimentos entre os países, são algumas das inúmeras vias de transmissão. É impossível barrar seu aparecimento, mas é necessário haver comprometimento e políticas de controle, sobretudo sanitárias, para que não se torne um processo epidêmico, como já aconteceu com a bactéria KPC. Eventos de massa podem trazer doenças de outras localidades e levar doenças daqui", diz, atentando para a importância da criação de novos medicamentos, já que não haveria interesse da indústria farmacêutica por não se tratar de uma doença crônica. 

A resistência das superbactérias é considerada atualmente um dos maiores desafios na saúde pública global do século 21. Além de estar associada a um alto índice de morbidade e mortalidade, gera uma despesa adicional no cuidado da saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, a cada ano, mais de 25 mil pessoas morrem somente na União Europeia em decorrência de infecções de bactérias resistentes. 

São números que assustam e preocupam especialistas daqui, isso porque, no Brasil, os números são subnotificados. Isso acontece mesmo depois do primeiro surto da superbactéria Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli, a KPC, em 2010, quando os hospitais ficaram obrigados a comunicar às autoridades sanitárias a ocorrência de infecção por superbactérias entre seus pacientes. A medida integra o Plano Nacional de Microagentes Multirresistentes. 


 

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