A campanha de doações para ajudar os condenados do mensalão a pagarem multas impostas pela Justiça "sabota e ridiculariza o cumprimento da pena". A avaliação foi feita pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, em carta endereçada ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
Citando previsão constitucional de que "nenhuma pena passará da pessoa do condenado", o ministro "urge tornar públicos todos os dados relativos às doações que favoreceram próceres condenados pela Justiça brasileira, para serem submetidos a escrutínio da Receita Federal e do Ministério Público".
No texto, Gilmar chama atenção para a "competência arrecadatória" do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares que arrecadou "R$ 600.000,00 em um único dia, verdadeiro e inédito prodígio". O ministro do Supremo sugere que Delúbio "possa emprestar tal expertise à recuperação de pelo menos parte dos R$ 100 milhões subtraídos dos cofres públicos".
O "respeito integral" às decisões da Justiça, conclui o magistrado, "é o que nos distingue como democracia avançada e, enfim, nos distancia da barbárie".